REMORSO E PESAR, O REMORSO
O remorso é um sentimento muito negativo que corrói a alma da criatura de forma tormentosa e aflitiva, sendo responsável pelo aparecimento de muitas angústias nas mentes das pessoas. Vimos, quando estudamos o tema “O arrependimento”, que ele é uma reação ao arrependimento espontâneo e sincero. Então, o remorso resiste e trava a consciência no sentido de que ela possa vir a alcançar o alívio que resultaria do arrependimento. Este conflito entre o remorso e o arrependimento só pode ser eliminado mediante uma postura honesta, digna e leal conosco mesmos no momento em que percebermos que ofendemos o nosso semelhante ou que deixarmos de fazer alguma escolha importante para nossa vida. Assim, o remorso é um sentimento que tem suas raízes sobre eventos que já ocorreram e que precisam ser trazidos à tona para que nossa consciência trabalhe, no presente, uma solução de desencargo íntimo. A criatura não tem nada a perder ao trabalhar uma solução para o sufoco causado pelo remorso, não devendo adiar, em hipótese alguma, a solução de seu problema, removendo, assim, a sensação desagradável de que padece.
Quem de nós não foi ainda acometido por algum remorso a respeito de alguma coisa em nossa vida? Quase sempre, a inação para resolver certas questões sentimentais nos deixa com a sensação que deveríamos ter feito algo, mas não fizemos. Em outras ocasiões o remorso pode derivar de alguma coisa importante que deixamos de fazer, quando tínhamos todas as condições para fazê-lo. E, como deixamos passar a oportunidade e nada fizemos, surge o arrependimento, que pode se recalcar na forma de remorso, deixando-nos preocupados sobre a nossa falta de prontidão e perspicácia por deixarmos escapar de nossas mãos algo que não volta mais. Se soubermos tirar boas lições dessas posturas negativas, encontraremos, no futuro, melhor discernimento para fazermos nossas escolhas.
É do conhecimento de todos que já passaram por situações de remorso que este traz grandes sofrimentos, desapontamentos e até verdadeiros fracassos que abalam as convicções de certas criaturas. Às vezes, isto pode criar uma situação de muito embaraço espiritual, a ponto de a criatura ficar aturdida ou com idéia fixa de que foi a causadora de determinada situação dolorosa. É claro que isto imobiliza as atitudes da criatura a ponto de deixá-la perturbada, sem condições, portanto, de por si mesma, dar a volta por cima e encarar positivamente a vida. Eu mesmo conheço um caso que ocorreu com um primo que se considerou o causador da morte de seu pai em acidente com o automóvel que dirigia, quando o carro saiu da estrada e capotou. Ele assimilou esta responsabilidade mediante o surgimento de um grande e terrível remorso, do qual nunca se livrou. Vemos, assim, que quanto antes a criatura se livrar de um caso de remorso, tanto mais fácil será curar-se desse terrível sentimento, ainda que venha necessitar de aconselhamento ou ajuda psicológica.
O PESAR
É sempre possível encontrar relações de causa e efeito entre os sentimentos de pesar, tristeza e remorso, todos muito abrangentes e relacionados entre si. O pesar é um sentimento natural que ocorre sempre que tivermos que enfrentar grandes perdas de ordem sentimental e emocional. Não raro, estes sentimentos representam emoções que servem para nos motivarmos e mudarmos os nossos comportamentos e atitudes.
Há, contudo, que se ter muito cuidado para não vermos a depressão tomar o lugar do pesar e da tristeza, especialmente quando estes se prolongam por muito tempo. Muito antes de chegar a este ponto, precisamos modificar os pensamentos de tristeza e pesar pelos seus equivalentes opostos, a alegria e o entusiasmo, estes, sim, sentimentos positivos, para evitarmos o seu agravamento e à necessidade de precisarmos recorrer a um tratamento psicológico ou até mesmo psiquiátrico.
O sentimento de pesar está sempre associado ao sentimento de perda. Vale a pena constatar que o pesar associado à perda de um ente muito querido normalmente é muito profundo e doloroso. O grau de intensidade do pesar tem uma relação estreita com o valor que damos aos nossos relacionamentos e amizades. Entre os membros de uma família ele é, de regra, muito forte.
São numerosas as causas que podem nos levar ao sentimento de tristeza e pesar. Mas, enquanto uns resistem facilmente a estes sentimentos, outros são deles presas fáceis. Muitas pessoas ficam pesarosas por qualquer coisa, como, por exemplo, quando perde seus empregos, quando morre o seu cachorro e, por tantas outras coisas banais de nosso cotidiano.
Sendo o pesar um processo natural ele serve para curar a "dor emocional" que dele resulta. Passar por este processo faz parte da vida terrena, mas é preciso que a criatura tenha coragem de espírito para invocar sua força de vontade e se esforçar para se livrar do problema que o causou no mais curto tempo possível, operando-se, assim, a auto cura. Se isto não fizer, a pessoa poderá ser levada a uma fadiga extrema ou até mesmo à inércia e indolência, provocando a somatização do sofrimento em dores que aparecem em várias partes de seu corpo físico. Daí para a perturbação mental é um passo, podendo chegar à obsessão traumática ou até mesmo levar a criatura à desencarnação.
Há casos em que o pesar pode ir além de certos limites por fraqueza da vontade em interromper o processo que tende as estender o período do pesar, prostrando a criatura de tal forma que ela se sente aniquilada, energeticamente debilitada. Nestas circunstâncias, a pessoa se torna muito infeliz, sendo difícil ela mesma quebrar este triste círculo vicioso. Antes de chegar a este ponto, alguém que com ela conviva precisa perceber a situação e procurar ajuda para dar solução ao problema, antes que seja tarde. Não estamos pintando a situação com cores negras, pois fomos testemunhas de alguns casos chocantes que decorreram de situações semelhantes. Só assim poderemos evitar que o problema se torne insolúvel e ajudarmos a resgatar a confiança de um ente querido ou mesmo de um amigo em si mesmo, evitando que o desespero se instale e cause, no seu extremo, uma depressão tão grave que pode levar à desencarnação que, de outra forma, poderia ter sido evitada.