PREFÁCIO

01-12-2010 00:09


Quando em 2001 lançamos o livro Reflexões sobre os sentimentos com o objetivo de dar certa abrangência aos temas nele contidos, sabíamos de antemão que se tratava de um assunto capaz de ensejar vários outros livros dentro da mesma temática. Ao longo do tempo, fomos produzindo novos temas que não foram abrangidos por aquela edição e publicando-os no jornal “A Razão” com a intenção de incluí-los em um novo livro, o quarto de minha autoria, que recebeu o nome de Reflexões sobre os sentimentos II. Aqui também, na última parte, foram incluídos novos temas de natureza doutrinária, espiritualista e filosófica.

Já naquele primeiro volume alertávamos sobre a complexidade dos sentimentos, emoções e paixões humanas, muitas vezes difícil de se distinguir uns dos outros. Para ordenar os temas, nós os classificamos em sentimentos positivos, sentimentos negativos e sentimentos ambivalentes. Mais difícil, ainda, é distinguir os que são básicos ou primários e os que são derivados. Nós apresentamos, à guisa de introdução a este livro, o temaSentimentos e Emoções – o que os distingue, para lançar um pouco de luz sobre o assunto. A leitura desta introdução muito esclarecerá o leitor sobre o assunto ou, pelo menos, lhe dará elementos suficientes para uma boa reflexão.

Alguns autores, como Robert Augustus Masters, distinguem os sentimentos das emoções, dizendo que a emoção é uma ação dramatizada de algum sentimento que lhe corresponde ou que incita a criatura a exteriorizar o referido sentimento, seu componente básico, que se acha introjetado no inconsciente da criatura. É o que acontece, por exemplo, com a ira (sentimento) que se exterioriza na forma de raiva (emoção) ou até mesmo na forma de fúria (emoção). Neste livro, tratamos deste sentimento/emoção, dentre muitos outros, levando em conta este aspecto.

Trazemos, assim, alguma luz sobre a diferença entre emoção e sentimento, já que ambos representam um estado mental intenso criado subjetivamente pelo subconsciente e não unicamente através de um esforço consciente. Também, a neurobiologia apresenta outros conceitos de diferenciação de compreensão mais difícil e de natureza puramente materialista. Uma apreciação interessante sobre os sentimentos e emoções nos é apresentada por António R. Damásio no seu livro O erro de Descartes, no seu capítulo 7 – Emoções e sentimentos.

Outro aspecto que vale a pena enfatizar é que nossos sentimentos e principalmente as emoções tornam-se possíveis através de nosso sistema sensorial que leva as informações até o sistema límbico existente na base de nosso cérebro, responsável pelo seu processamento. É o sistema sensorial que nos permite perceber, em nós mesmos e nos outros, o efeito das reações emocionais. Neste livro, em cada tema tratado, procuramos detectar como percebemos a existência de um sentimento ou emoção de forma a podermos trabalhá-los com a nossa vontade, objetivando nos tornarmos melhores pessoas face a nós mesmos e aos nossos semelhantes.

Gostaríamos, também, de deixar bem claro que os sentimentos e as emoções são, também, reconhecidos pelo nosso sistema cognitivo. Isso equivale a dizer que temos total conhecimento deles e podemos refletir conscientemente sobre eles. Uma emoção ou sentimento nunca é totalmente consciente ou totalmente inconsciente e, por isso, podemos trabalhá-las adequadamente.

Finalmente, outro aspecto que desejamos enfatizar é que o estímulo que deflagra o sentimento ou a emoção tem seus fundamentos na afetividade, pois nunca ninguém está sozinho no mundo e deve a criatura tudo fazer para adaptar-se e acomodar-se às regras da boa moral e dos bons costumes, próprias de cada cultura. Boa leitura a todos!