Podemos acessar nosso planejamento espiritual
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Caruso Samel
O Racionalismo Cristão nos ensina que é de primordial importância para acelerar a nossa evolução espiritual seguir na vida material o planejamento feito pelo nosso espírito em seu mundo de estágio antes de encarnar. Nada mais verdadeiro!
Apesar disso, é frequente os nossos interlocutores nos perguntarem: “Por que o espírito, quando encarnado, não sabe ou não tem informação sobre o plano de vida que fez no seu mundo de estágio, antes de encarnar?” Não seria mais fácil fazer e acelerar a sua evolução se ele se lembrasse? Afinal, para que nos serve este planejamento espiritual se nós não nos lembramos dele? Essas perguntas feitas por leigos inteligentes parecem ter senso lógico. No entanto, nós nos lembramos, sim! É o que pretendemos explicar neste artigo através de uma série de considerações de ordem espiritual relacionadas com esse problema.
Em primeiro lugar, afirmamos que não esquecemos totalmente do nosso planejamento espiritual. Sabemos que o registro das memórias e o de nossas vidas passadas ficam guardados no nosso subconsciente. Este, para nós, espiritualistas, é o nosso corpo astral, constituído de matéria fluídica própria do mundo de estágio do espírito. Por certo, essas informações afloram homeopaticamente ao consciente no momento que delas precisamos. E não podia ser diferente, pois se lembrássemos de tudo de uma só vez estaríamos prevendo o futuro e nossa vida perderia muito do sentido evolutivo a que se presta.
COMPATIBILIDADE. Esta explicação não contradiz o conceito de subconsciente da Psicologia moderna, mas este tipo de explicação ainda não é aceito pelos cientistas. Quando encarnados, o véu da matéria encobre tudo ou quase tudo, iludindo-nos com as aparências da vida terrena, e não aceitamos o que nosso subconsciente indica como o rumo a seguir. De outro lado, há, também, uma resistência muito grande para aceitar a existência do livre-arbítrio por acreditarem pouco neste conceito, que para nós é um dos atributos do espírito, da maior importância. Então, seguimos por outros caminhos e nos enveredamos pelos erros da vida. Erros esses que terão que ser necessariamente resgatados em encarnações futuras.
As pessoas nem percebem que estamos aqui neste mundo-escola numa situação provisória, de verdadeira impermanência, em que os acontecimentos e lutas para nos mantermos no caminho do Bem exigem um esforço muito grande de nossa parte. E não percebem, também, que neste esforço constante o livre-arbítrio é a bússola norteadora de nossas ações para acertarmos mais e errarmos menos. Os cientistas acham que tudo é uma questão de probabilidades, como na Física Quântica, ou seja, eles introduzem o fator da casualidade, o que significa dizer que o acaso existe. É claro que esta linha de raciocínio se opõe diametralmente ao valor que damos ao livre-arbítrio como ferramenta de escolhas com base num raciocínio lúcido e força de vontade firme.
Infelizmente, a cultura científica, que é materialista, ainda não aceitou a existência do espírito e, portanto, os cientistas ignoram os fenômenos provocados pelo espírito. Por se tratar de um tema espiritual, torna-se difícil deixá-lo palpável aos que ainda não deram os primeiros passos rumo à espiritualidade. É como se este choque de culturas se comportasse como uma barreira intransponível entre ciência e espiritualidade!
Por não sabermos o grau de espiritualidade de nossos interlocutores, torna-se difícil dar o recado necessário. Enfim, temos que respeitar os limites de entendimento de cada um e despertar neles reflexões apropriadas que os levem a obter as respostas por si mesmos.
A correta resposta às perguntas de nossos interlocutores passa antes por uma série de conhecimentos básicos espiritualistas que o Racionalismo Cristão nos ensina em seu livro essencial de igual nome, agora em sua 44ª edição.
Sabemos que o espírito encarna primordialmente para evoluir. Ao mesmo tempo, em cada encarnação o espírito tem muitas oportunidades de resgatar seus erros de vidas passadas. Por isso mesmo, antes de encarnar, o espírito faz o seu planejamento, o seu projeto básico de vida, escolhendo o país em que vai encarnar, a cidade, a família e os seus pais; enfim, ele sabe de antemão o ambiente em que vai viver, tudo dentro dos melhores parâmetros para passar a sua existência terrena com o melhor aproveitamento possível para sua evolução. É óbvio que esse planejamento contém apenas as linhas mestras em que conduzirá sua vida; os pormenores serão objeto do uso que a pessoa ou o espírito encarnado fizer de seu livre-arbítrio. Então, é muitíssimo importante que ele acerte o máximo e erre o mínimo possível.
Toda e qualquer pessoa adulta utiliza o seu tempo, o seu dia-a-dia, distribuído em três períodos distintos, de forma a servir ao trabalho, ao lazer e ao descanso, disso tirando o melhor proveito para o seu desenvolvimento material e espiritual. Por isso, dizemos que a pessoa deve viver simultaneamente a vida material e a vida espiritual. É no sono que reside o segredo para respondermos às perguntas que iniciam este artigo. O sono tem duplo papel: de um lado, age como reparador de nosso corpo, promovendo o descanso necessário para recompor o desgaste celular e emocional do dia vivido; de outro lado, é durante o sono que o espírito se afasta do corpo, juntamente com seu corpo astral, não para descansar, já que é energia, mas para recarregar-se dela em seu mundo astral.
É óbvio que, se a pessoa, durante o seu dia não cumpriu o seu dever e se entregou a qualquer espécie de vício, deixando de praticar o bem, usando o seu livre-arbítrio para o mal, ao dormir, seu espírito vagueará pela atmosfera da Terra. Nesse ambiente fluídico, da mesma forma que os espíritos desencarnados, perturbam-se e são perturbados, não têm condições de viajar (desdobramento espiritual) até o seu mundo de estágio. Daí, os sonhos e pesadelos que são o reflexo desse estado de materialidade e perturbação.
AVALIAÇÃO. Agora, vamos à explicação sobre as perguntas do início deste artigo. Quando a pessoa cumpre com os seus deveres, durante o sono, o seu espírito se afasta do corpo e se dirige ao seu mundo de estágio, acompanhado do seu corpo astral, que fica ligado ao corpo físico pelos cordões fluídicos (uma espécie de cabo óptico-magnético de matéria astral). No mundo de estágio, o espírito recarrega-se de energia psíquica e confere a marcha de sua evolução, faz correções de rumo e reorienta, se for o caso, a sua vida conforme tenha usado o seu livre-arbítrio. Ao mesmo tempo, confere tudo o que planejou com o que vem executando, corrigindo os rumos traçados para a sua evolução.
Assim como o trabalho proporciona à pessoa a sua lição material de cada dia, o sono lhe permite fazer a sua lição espiritual de cada dia. É por isso que o Racionalismo Cristão não cansa de afirmar que é preciso viver as duas vidas, a material e a espiritual, pari passu. É obvio que os que cumprem com os seus deveres, assim como as crianças na escola em que estudam cumprem com suas tarefas, aprendem mais depressa e evoluem mais rápido.
Quanto mais a pessoa ascende em espiritualidade, mais fácil vai tornando-se a evolução de seu espírito, devido à lucidez cada vez maior que vai adquirindo, como mérito próprio. Ninguém poderá ajudar a pessoa a conquistar esse mérito, a não ser ela própria.
(O autor é militante da Filial Butantã, SP)