OS SETE VÍCIOS MORAIS CAPITAIS

01-12-2010 01:17

COBIÇA

Os dicionários registram que a cobiça é o desejo sôfrego, veemente, de possuir bens materiais, tendo também como sinônimos a avidez e a cupidez. É uma ambição desmedida por riquezas exclusivamente materiais. Já a inveja, segundo os mesmos dicionaristas, é o desejo violento de possuir o bem ou a felicidade alheia. A diferença é sutil é que enquanto a inveja busca obter as coisas e as virtudes que os outros já possuem, a cobiça impulsiona o ser para a ação, é mais ativa e até atrevida e desmedida por bens materiais. Mas, ambas andam sempre juntas e até se confundem.

Ainda dentro da sutileza apontada, a criatura pode cobiçar por inveja e invejar por cobiça. Isso não é um mero jogo de palavras. Uma pessoa que possua o eu cobiçoso muito acentuado está sempre propensa a voltar a sua atenção e desejar para si o sucesso de seus semelhantes. Curioso é que o cobiçoso nunca perde uma oportunidade para agir, mesmo que esta oportunidade se dirija para fins ilícitos e até imorais. Numerosas são as pessoas que cultivam este sentimento negativo, tão forte e materializado ele é na forma de acúmulo de riqueza e poder que tantos males podem causar aos que o possuem. Os cobiçosos desejam fazer fortuna sem precisarem trabalhar, desejam o cônjuge do próximo, querem ter multidões a seus pés, procuram tirar proveito de certas situações, procuram tirar férias faustosas e além de suas posses em outros países, endividam-se além de suas posses e ganhos, enfim, procuram adquirir fama e reconhecimento para satisfazer seus orgulho e vaidade.

Muitas pessoas são propensas a desejar coisas que estão além de suas posses ou de seus controles. Mas também, é muito natural que as criaturas procurem conseguir e manter um bom emprego, que tenham um bom carro, que façam um bom casamento, que cuidem de sua família, e até mesmo obtenham uma boa casa. Saber viver a vida é aprender a viver e desfrutar o que se conseguiu digna e honestamente e não sofrer ansiosamente por aquilo que não se tem. Evitem, pois, a cobiça que é o desejo desenfreado de possuir o que pertence a outros e não a nós. Mas, também, é natural que as pessoas se esforcem para bem conduzirem o seu trabalho e obterem um desenvolvimento espiritual adequado, sem enganar a si mesmo. Ou seja, as pessoas não devem trabalhar apenas impulsionadas pela inveja e pela cobiça. Refrear esses desejos intemperados é uma necessidade, sem buscar excesso de bens materiais. Para isso, procurem todos expulsar de si a inveja e a cobiça.

Não será demais alertar para se cuidarem contra os espertalhões de toda natureza. Ambiciosos e hipócritas, eles procuram enganar os incautos que se deixam levar de forma inconsciente por estes exploradores da boa fé alheia. É muito comum na pregação das religiões, nos comícios, na mídia televisiva e por toda a parte vermos pessoas induzirem as multidões, bradando ordens de comando que o povo segue cegamente, como que hipnotizado. Estes espertalhões percebem que não é nada difícil manejar a conduta das massas entorpecidas, bastando lhes dirigir palavras bonitas e falsos elogios para as terem em suas mãos. Com isso, angariam tremendos débitos espirituais que mais cedo ou tarde terão que resgatar, nesta ou noutra encarnação. E como fugir desta triste realidade? Esclarecendo-se, procurando evoluir pelo estudo, raciocínio e pelo trabalho honesto e digno para não se deixarem envolver por essas tristes figuras.

O cobiçoso, através da ambição que lhe é própria, tudo quer, nunca está contente com o que tem, e obviamente vai sempre tentar obter o que não consegue, ainda que seja usando meios ilícitos. São a inveja e a ambição desmedida e intemperada que suportam a cobiça. Mas nós, racionalistas cristãos, condenamos apenas a ambição desenfreada e a cobiça desmedida. Vale lembrar que, um pouco de ambição pode nos servir bem para propósitos beneméritos e positivos. Não é condenável ambicionarmos um cargo melhor na nossa profissão, nem obtermos uma estabilidade financeira ou a felicidade no lar. Todos nós ambicionamos alguma coisa e devemos refletir sobre o direcionamento que devemos dar às nossas ambições, sejam elas mentais ou materiais, usando de sinceridade para podermos descobrir quem realmente nós somos. Deveríamos nos perguntar se é possível e se sabemos usar a cobiça e a ambição em nosso proveito sem molestar os nossos semelhantes. Será que isso é possível? Claro que é. É aí que entra a temperança, um nobre sentimento.

Ora, vimos acima que a criatura cobiçosa pode lançar mão de meios ilícitos para satisfazer a sua cobiça, isto é, pode até roubar, furtar, ou ocultar algo que não lhe pertence. Estes vícios morais, tão comuns na nossa sociedade, têm raízes mais profundas. Aqui vemos a falta que faz a lei máxima da cristandade – "não fazer a outrem o que não quer que lhe façam", que deveria estar sempre presente em nossas mentes. Só assim, poderíamos evitar a cobiça desenfreada, que nos desvia e nos rouba a atenção e a concentração das coisas sérias da vida, causando-nos sérias preocupações mentais, muitas vezes, imaginárias.

A cobiça imprime, também, em muitas criaturas, o vício da falsidade. O falsário é todo aquele que mente, que disfarça, que copia, que age às escondidas, que falsifica documentos e assinaturas. Basta olharmos para os falsificadores de documentos e moedas. Uma forma muito sutil de falsificação é mudar a personalidade ou mesmo a identidade para se esconder de trapaças ou fugir da ação da justiça e da perseguição da polícia. Devemos ser francos e sinceros, dizendo o que sentimos, evitando as criaturas falsas, que são aquelas que hoje estão conosco e amanhã contra nós, inventando estórias a nosso respeito. Uma falsa amizade deve ser evitada.

Vamos assinalar, ainda, mais quatro características do cobiçoso: a especulação, o esbanjamento, a mesquinhez e o abuso do poder. O especulador só quer ganhar, custe o que custar, usando tão somente o poder do dinheiro que possui ou consegue facilmente. Estão presentes nas atividades econômicas e financeiras. O dinheiro virtual é a sua principal arma, que alcança e alavanca todos os mercados do mundo inteiro.

Já o esbanjador caracteriza-se por adotar uma atitude oposta à da avareza. Enquanto o cobiçoso, de modo geral, gasta demais, o avarento retém para si e não faz boa aplicação do dinheiro que possui. É claro que ambos os extremos são condenáveis e afetam desmedidamente o modo de ser das criaturas. O esbanjador é orgulhoso e vaidoso.

A mesquinhez caracteriza o tipo popularmente conhecido como o "pão duro". Este sentimento está relacionado com a avareza, sendo representado pela criatura que, mesmo podendo, não ajuda ninguém e acaba, um dia, pagando pelo que deixou de fazer.

Os que abusam do poder o fazem de forma exagerada sem se preocupar com os excessos e os custos dele decorrentes. Os cobiçosos não resistem ao impulso de consumir e esbanjar dinheiro, consumindo além do necessário. Atuam em diversos campos, inclusive no plano psicológico. Por isso, ultrapassam os limites do tolerável.

 

GULA

 

Para nós, racionalistas cristãos, o pecado não existe. Assim, vamos tratar aqui da gula não como um pecado, mas como um transtorno ao mesmo tempo mental e fisiológico, provocado por forças destrutíveis, difíceis de serem revertidas, uma vez instaladas no indivíduo. Pode parecer estranho, mas a gula é um dos transtornos mais antigos, vez que a oralidade é inata no ser humano, sendo ela uma fonte natural de prazer. É com a boca que fazemos os primeiros contatos com a nossa mãe, até mesmo por necessidade de sobrevivência. Não é fácil separar os aspectos meramente fisiológicos da gula de seus aspectos de natureza psíquica. Por isso, nós vamos visualizar ambos os aspectos.

Simbolicamente a gula significa voracidade destrutiva em sua essência, sendo nesse sentido entendida como excesso no comer e no beber desordenadamente. Ao devorar um alimento em vez de saboreá-lo, a pessoa perde a capacidade de apreciá-lo e acaba por se fartar demasiadamente, num processo compulsivo-destrutivo. A compulsão tem origem no inconsciente, deixando a pessoa à mercê de um ciclo vicioso difícil de se eliminar, por ficar fora de seu controle consciente Passamos então a viver para comer em vez de comer para viver.

A gula é um dos sentimentos mais negativos de nosso "eu" material. Consiste em ir com muita "sede" ao pote, isto é, a criatura apresenta um desregramento total em relação à ingestão de alimentos. É bom notar que muitos morrem pela boca, de tanto comer, mas existem, também, muitos que morrem de fome, devido à tremenda desigualdade que existe no mundo. Isso para não falar, também, na má seleção que fazem dos alimentos, não se alimentando corretamente. Corrige-se a gula com muita força de vontade e moderação.

Abusando da comida, das guloseimas e dos refrigerantes a pessoa estará caminhando diretamente para a obesidade e seus transtornos. Sem sombra de dúvidas, a obesidade é um transtorno com grandes repercussões na nossa saúde, sendo responsável por doenças agressivas, como hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes, infertilidade e outras. O teor de colesterol muito alto é indicativo de elevado consumo de gorduras saturadas e o excesso de açúcar no sangue é indicativo da ocorrência do diabetes.

Não mastigando os alimentos adequadamente e os engolindo rapidamente, o guloso deixa de utilizar a saliva corretamente. Como sabemos, esta tem a função de pré-digerir os carbohidratos, ou seja, os amiláceos e açucares. Não utilizando a saliva como devia, o estômago e o fígado ficam sobrecarregados em suas funções e aumentam de volume. É comum as criaturas sentirem-se mal após as refeições por falta de salivação adequada, tornando lento o trabalho do estômago, tudo isso por falta de mastigação correta, ocasionando dispepsias, arrotos, refluxos alimentares, etc. Uma dentição mal cuidada completa este quadro altamente nocivo à saúde.

Um fator preponderante na correção ou mesmo cura da obesidade está na correta seleção dos alimentos, isto é, depende de uma boa nutrição, sob o conselho de um bom nutricionista. O alvo deve centrar-se em um balanceamento adequado de nutrientes – proteínas, gorduras e carbohidratos, além de verduras, legumes e frutas. Estes últimos são ricos em sais minerais e vitaminas.

O guloso peca pelo excesso e não sabe quando parar de comer, estendendo muito além do necessário o limite de sua fome, de sua saciedade. Não tem disciplina para comer e come a toda hora, no intervalo das refeições principais. E, pior que isso, come o que não pode e não deve. Antes de dormir torna a comer e não raro, no meio da noite, sua compulsão o leva a assaltar a geladeira em busca de algo para comer. E se acordar no meio da noite, não torna a pegar no sono sem antes comer mais alguma coisa. Vive para comer e não come para viver! Isto lhe causa um grande mal, pois sabemos que basta nos alimentar apenas três vezes por dia, sendo esta a forma correta de nos alimentar.

Atualmente, cresce exponencialmente o número de pessoas obesas, principalmente nos países mais ricos do mundo, destacando-se, neste particular, os Estados Unidos, já seguidos de perto pelo Brasil. O obeso não dá importância alguma à sua saúde. Não há dúvida alguma que a gula é um transtorno que prejudica profundamente a saúde do corpo físico. Daí, a necessidade de tratamento médico especializado.

Outras conseqüências mais sérias podem resultar com o aparecimento de desequilíbrios hormonais, como por exemplo, a bulimia. No obeso, a auto-estima decai porque ele deixa de se ocupar da sua aparência, daí advindo males de natureza psicosomática, como a depressão, a tristeza, etc. Os consultórios médicos estão apinhados de obesos à procura de tratamento, levando muitos casos à mesa de operações para cirurgias de redução do estômago.

Os pais precisam ensinar aos seus filhos o que é o processo da alimentação e como ele opera. Dessa forma, eles poderiam aproveitar melhor as substâncias nutritivas dos alimentos ingeridos. Observar, ainda, que certas combinações de alimentos são nocivas à saúde. Crianças não têm que ter vontade; o que elas precisam é saber se alimentar, não exagerando na quantidade, nem pecando por falta dela. Moderação ou comedimento é a palavra de ordem.

Há os que se alimentam em demasia ou comem alimentos inadequados do ponto de vista dos seus nutrientes, embora julguem ser assim necessário, temendo a opinião alheia. Pensam que podem ser prejudicados se não agirem assim, assumindo atitudes equivocadas, seja por modismo, por recomendação religiosa ou por falsa convicção. Daí encontrarmos os vegetarianos ou então os que só comem carne branca e peixes. O prejuízo protéico pode se tornar muito nocivo à saúde da criatura, embora modernamente, a soja e seus derivados possam substituir muitas proteínas animais. Vale notar que a criatura que sabe se alimentar não come carne em excesso, mas também não a evita, experimentando de tudo com comedimento.

Finalmente, a compulsão do guloso penetra pelos olhos, ajudada pelo aroma e pelo gosto dos alimentos, sustentando assim o seu apetite incomensurável, difícil de ser contido, reconhecemos, mas tudo depende de uma disciplina alimentar que tem que ser imposta pela vontade da própria criatura. Afinal, para combater qualquer vício, a vontade tem que ser posta em ação com forte determinação, para não vir a ter um corpo físico deformado ou doentio. Muito cuidado, portanto, com os instintos e a voracidade.

 

 

INVEJA

 


No nosso livro Reflexões sobre os sentimentos, tratamos deste tema com um enfoque mais voltado para dentro da pessoa, isto é, demos ênfase à subjetividade espiritual. Vamos agora olhar este mesmo tema sob a ótica da objetividade e como ela nos afeta no cotidiano de nossas vidas na sociedade. Qualquer que seja o enfoque, estamos diante de um sentimento muito negativo, só ultrapassado pelo ódio.

A inveja é inata no ser humano, isto é, ela vem do berço. Ela se reforça pela educação que recebemos no lar e nas escolas, achando-se vinculada ao estilo de vida; Tem suas raízes na comparação e na competição, que sempre fazemos face ao nosso semelhante. Daí, competirmos na família com os irmãos, nas escolas com os colegas e, no emprego e por toda parte com os que nos cercam. Tudo isso por uma boa estabilidade na vida.

Trata-se de uma competição danosa ao ser e ao seu desenvolvimento espiritual. É a competição desenfreada nas idéias, nos sentimentos e nos prazeres de nosso cotidiano que leva o ser humano ao sofrimento na luta inglória pelo consumismo e materialismo perverso. O ser humano perde a noção dos valores mais nobres encontrados numa vida mais pacata, solidária, humana, fraterna e espiritual.

Como atacar esse mal pela raiz, se o sistema escolar o nutre e o reforça mediante a comparação e a competição? O propósito não deveria ser o de adquirir conhecimentos para se educar e se preparar para uma vida mais eqüitativa em sociedade? E o que vemos? Crianças que não conseguem acompanhar o desempenho dos mais dotados, adquirindo frustrações causadoras de complexos de inferioridade, que marcarão toda a sua vida futura. Todo psicólogo sabe muito bem que estas crianças acabam por guardar ressentimentos com mágoas e, até mesmo, começam a adquirir certos vícios como fingir, mentir, roubar e até outros muito mais sérios, julgando assim vencer na vida.

Mas, viver a nossa vida sem competição constitui um ideal que está longe de acontecer. Esta mudança de paradigma só virá com profundas reformas no sistema escolar e nas sociedades como um todo, trocando-se a competição por um compartilhamento mais profundo e fraterno do conhecimento e dos bens da Terra. Estas condições, por sua vez, dependem de um despertar para a espiritualidade. Então, não tem jeito? Claro que tem, mas é preciso dar tempo ao tempo! Não esperar passivamente, mas cuidando, não devendo culpar ninguém pelas derrotas e pelo atraso, a não ser a si mesmos. Primeiro, precisamos auto-superar nossas próprias fraquezas e indolências, ou seja, as famílias (os pais) precisam trabalhar mais lado a lado das escolas, gradativamente melhorando o ensino através de medidas efetivas obtidas nas reuniões entre pais e professores.

Há, contudo, uma outra faceta da inveja muito importante que precisa ser corrigida pelos pais, nos lares. É a faceta representada pela malícia, sentimento que está enraizado no subconsciente de muitas criaturas e se acha diretamente vinculada ao egocentrismo, que por sua vez enraíza a inveja. É comum já se notar em muitas crianças sentimentos de astúcia e esperteza, através dos quais as crianças procuram tirar partido de tudo o que fazem. É fácil entender que a malícia está associada à mentira e à fraude, levando as pessoas a enganarem seus semelhantes e a praticarem falsidades. Uma situação mais triste ainda reside no fato de certas pessoas fingirem humildade para enganar os incautos. Vemos muito disso no nosso cotidiano, entre comerciantes inescrupulosos, políticos astutos e, até mesmo em falsos mendigos para tirar proveito da compaixão das pessoas.

Existem muitos sentidos ocultos nas ações de muitas criaturas, mas para a consciência de cada um não há nada que se possa ocultar. Parecer ajudar a alguém, não é ajudar! Toda vitória requer esforço honesto, interativo, real e duradouro. Como obter esses resultados? Deixando de lado o seu “eu interesseiro”, atuando com boa-fé. Cuidado para que as amarguras das pessoas enganadas por malícia e por inveja não venham recair sobre você mesmo como fel amargo. Observe-se ainda que o malicioso é persistente e, assim, a inveja de fato é um sentimento muito arraigado no mental das criaturas.

Como imaginar que a mentira possa estar associada à inveja? Mas, está. Uma estatística recente da ONU – Organização das Nações Unidas identificou que cada pessoa mente, em média, 20 vezes por dia. Ao todo, são mais de 120 bilhões de mentiras que cortam o planeta todos os dias. Ora, como mentir é enganar, ludibriar, escamotear e esconder, pode-se imaginar a tremenda carga de vibrações negativas numa corrente que é levada aos quatros cantos do planeta, ao dispor dos pensamentos e sentimentos a elas associados. Daí, criar-se toda uma verdadeira legião de incontáveis hipócritas, com personalidades alteradas, escondendo-se atrás de suas máscaras. É por isso que sempre alertamos que não nos devemos deixar levar pelas aparências dos indivíduos e de certas instituições inescrupulosas, comuns em toda parte.

Do que foi exposto, devemos manter-nos sempre vigilantes sobre os reais valores da vida. Mas, não nos deixemos sobrevalorizar nem nos julguemos melhores do que ninguém. Apenas evitemos os extremos de muitas situações. Para isso basta conhecermos os nossos limites e procurarmos fazer as coisas dentro das nossas melhores aptidões práticas e intelectuais. Só precisamos dar conta do recado, realizarmos o nosso papel e pugnarmos pela melhoria de nossos valores morais e éticos.

Nunca contar com uma vitória antes da batalha final, pois se julgarmos vitoriosos sem o sermos estaremos compactuando com a mentira, e nada mais danoso do que isso.

Há os que dizem que a inveja tem o seu lado positivo,embora muito sutil. Isso pode ser verdade desde que a pessoa acione o seu impulso de ambição sob rígida vigilância, pois é sabido que a ambição agiliza a nossa vontade. Porém, não deixe a inveja ultrapassar o nível do subconsciente e mantenha-a lá, enclausurada e sob rígido controle. Sendo a inveja a mola mestra da ambição, usá-la conscientemente significa caminhar diretamente para a realização dos desejos intemperados, identificando-se a criatura, por demais, com o lado material da vida.

Mas, o lado negativo da inveja sempre impera, pois a ela muitos vícios destrutivos estão atrelados, até mesmo o ato de roubar e o de matar, se for preciso. Quantas famílias são destruídas pela inveja, às vezes até alimentada pelo ciúme. E por que isso? Porque não colocando as criaturas o seu livre-arbítrio a serviço do bem, resvalam para o mal. Por isso, devemos procurar mudar esta situação em nós mesmos e deixar de fazer ou obter as coisas através da inveja ou pela competição ferrenha. Nós devemos obter as coisas simplesmente porque elas nos são necessárias, nunca para ostentação de falsa felicidade!

Vemos o invejoso como um ser infeliz porque ele não se contenta com nada. Não aceita o que é e nem o que tem. Sente aversão pela sua própria vida. O bom seria que cada um procurasse ter somente o que necessitasse ou ser o que realmente precisa ser, evitando as ambições desmedidas. Para isso, a criatura deve se sentir satisfeita com o trabalho que tem e as tarefas que realiza, ajustando a sua vida ao tamanho de seu salário ou de seus ganhos. Aqui a humildade fala mais alto, ajudando essas criaturas a viver mesmo em condições muito precárias, porém honestamente. Estas pessoas são relativamente felizes.

 

IRA

 


Muitos sentimentos enraizados no psiquismo humano relacionam-se intimamente com a ira, ora como causa, ora como efeito, abrindo e fechando um ciclo de negatividades, nem sempre fáceis de se evitar, mesmo para os mais conscientes da existência deste mal.

Se fôssemos levados a construir uma escala de sentimentos negativos, certamente colocaríamos a ira em segundo lugar logo após o ódio, o nefasto campeão de todos. A ira é portadora de vibrações bastante prejudiciais às criaturas. Sua ativação se dá quando a criatura não tem controle sobre as impressões e provocações recebidas, cujos impactos causam reação, geralmente de forma súbita. Tais impressões podem levar as criaturas a sentirem-se reprimidas, ofendidas e até mesmo com seus pontos fracos descobertos, julgando-se acuadas. Passam, então, a utilizar-se da ira para reagir às provocações de forma violenta, muitas vezes incontrolável.

Como dissemos, muitos fatores levam ao aparecimento da ira. Um deles é a impaciência exacerbada, enraizada ao nível emocional, mas manifestada ao nível mental, quando a criatura trabalha a mente com pensamentos de preocupação e desespero, imaginando que algo tenha ocorrido. A criatura perde a calma quando tem de esperar além do razoável. Podemos encontrar um bom exemplo disso quando marcamos um encontro e a pessoa que estamos esperando se atrasa. É comum, então, nos preocuparmos e nos desesperarmos desnecessariamente. A impaciência e a irritação se aceleram e passamos, de imediato, à irritação doentia, e, em seguida, ao desespero mental.

E, o que devemos fazer para não chegarmos a ficar irritados? Devemos ser mais compreensivos e tolerantes para com o nosso semelhante, pois muitos fatores podem ocasionar o atraso, até mesmo independente da vontade do outro. Lembre-se que ao passarmos para o estado de irritação, estaremos deixando o nosso sistema nervoso à ação de forças negativas do astral inferior, o que vai nos causar mais descontrole ainda. Sendo compreensivos e tolerantes, evitamos que a irritação se instale, quebramos o ciclo vicioso. Tudo isso é fruto da ignorância e da inconsciência em que vivemos. Quando dizemos que a criatura "está com os nervos à flor da pele", estamos sinalizando ao nosso mental que aquela pessoa está consciente ou inconscientemente irritada.

Como dissemos, devemos evitar chegarmos ao estado de irritação. Esta pode assumir um estado deirritação doentia, que por sua vez ocorre quando estão presentes, simultaneamente, a impaciência, a irritação e o nervosismo. Esta modalidade de irritação doentia constitui uma situação muito perigosa. Daí em diante, a criatura perde as estribeiras, não têm mais paciência de ouvir as pessoas e passam a ser vítimas de um estado obsessivo. Convém assinalar que a irritação doentia é de natureza emocional e sempre fruto da fraqueza da vontade, e a pessoa se vê sem condições de reagir. Nesta altura, o amor próprio ferido sempre fala mais alto face a uma suposta desconsideração por parte do outro.

No contexto da manifestação da ira, não poderíamos deixar de considerar o aborrecimento. Este pode originar-se de vários outros fatores que acometem as criaturas, sendo, por sua vez, a causa de muitos desgostos. Uma criatura aborrecida e desgostosa não quer nada com a vida, não aceita críticas, não é receptiva às novas idéias, fica inativa ou até mesmo indolente e não quer ajudar nem receber ajuda de ninguém. Sente-se tão prisioneira de si mesma que não consegue enxergar a sua própria infelicidade. Podemos até dizer que a criatura se sente emocional e sentimentalmente bloqueada. Daí porque a pessoa nesta situação se deixa envolver demais por qualquer situação negativa e por isto pode acabar no fundo do poço.

Quando a criatura sente-se sem forças para controlar a sua vontade e os acessos de ira vêm à tona, começa a atuar o componente nervosismo da ira. Este componente atua diretamente no sistema nervoso da pessoa, subjugando-a emocional e sentimentalmente. De modo geral, este tipo de ira está diretamente associado à irritação. Convém salientar que uma pessoa nervosa está a um passo de cometer alguma atitude impensada, como por exemplo, a de vingar-se de alguém, a de criar intrigas para tirar satisfações, e por ai vai. É bom lembrar que este tipo de pessoa não costuma temer as conseqüências, provoca e simplesmente espera acontecer e o resultado só pode ser negativo para ela.

Quando as manifestações de ira ocorrem com freqüência e com intensidade dizemos que a criatura se achafuriosa. Esta é uma das piores manifestações da ira porque resulta do desequilíbrio mental. Uma pessoa furiosa é até capaz de matar. Esta modalidade acha-se enraizada ao nível espiritual, mental e emocional. Suas reações são muito rápidas, a criatura torna-se dotada de grande força e agilidade e se acha completamente inconsciente de seus atos. Finalmente, é de se notar que a fúria está muito bem escondida dentro de uma pessoa que vive por manter as aparências, parece calma e tranqüila, em qualquer circunstância, e de repente desencadeia-a.

Muitas vezes a ira pode vir associada ao sentimento de vingança, que se acha enraizado ao nível mental e emocional. A criatura quer vingar-se a qualquer custo e o faz por meio de uma palavra ou ato, ou mesmo, em pensamentos, arquitetando e planejando uma vingança futura. Esta atitude acha-se muito aliada ao ressentimento e ao orgulho ferido.

Finalmente, devemos considerar as pessoas ansiosas. A ansiedade é uma emoção que se acha muito aliada à impaciência. O ansioso quer fazer tudo antes do tempo, não sabe esperar o melhor momento e acaba perdendo sua tranqüilidade por ser e agir assim. É o estado de ansiedade repentina que ocasiona muitos descontroles emocionais às criaturas.