Melhore sua autoestima
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Caruso Samel
A autoestima está diretamente relacionada ao respeito que cada pessoa tem por si mesma e, na medida em que nela não interfiram sentimentos egoístas e vaidosos, pode ser considerada um sentimento positivo. Por isso, esse sentimento é também conhecido como amor-próprio.
A autoestima deve ser usada pela pessoa para melhor se conhecer e não para sobrepujar as qualidades de seus semelhantes. Neste sentido, ela representa a dignidade que todos devemos procurar ter, para conosco e, também, para com o nosso semelhante.
Possuir autoestima é procurar viver de acordo com suas ideias, desde que nobres e fundamentadas na experiência moral adquirida ao longo de sua vivência, sem se contrapor ou ofender as regras da boa convivência, dentro do maior respeito às leis, ao direito e à moral vigente. Ter autoestima é, antes de tudo, ser verdadeiro consigo mesmo. O fundamental para adquirir autoestima é sempre buscar incorporar no seu viver, cada vez mais, valores nobres, tais como honestidade, dignidade e integridade moral, para todos os atos de sua vida.
Cada sociedade tem o seu código de valores e nela e à sombra deste a pessoa deve inserir-se. Essas normas são incorporadas, pouco a pouco, através da educação no lar e nas escolas por onde passamos. Com o tempo, a pessoa vai construindo e consolidando o seu caráter, a sua marca registrada.
É óbvio que este processo não é tão simples assim. Aprendemos esses valores e até os adotamos como se fossem nossos, mas à custa de muitos conflitos e até de contestação aos nossos preceptores, reação natural a tudo que nos é imposto. Por isso, os exemplos falam mais alto e, através deles, tudo fica sempre mais fácil de ser aceito. O importante é deixar sempre um estímulo para que os pontos de vista sejam examinados à luz da razão, permitindo a cada pessoa uma boa avaliação dos seus valores próprios.
A nossa atitude frente aos valores que nos são transmitidos pode ser de maior ou menor abertura, de transigir ou não transigir velada ou abertamente. Nesse último caso, podemos nos tornar criaturas rígidas e prepotentes, difíceis e amargas, o que resultará em isolamento, aflição e até muitos inimigos. Daí, a necessidade de tomarmos sempre bastante cuidado com os critérios rígidos ou frouxos que viermos a adotar com relação à nossa liberdade e aos nossos direitos.
AUTOCRÍTICA. Outro aspecto que devemos encarar é a reavaliação constante e permanente de nossos valores, exercendo com sabedoria o nosso próprio poder de autocrítica. Dessa forma, podemos mudar a nossa conduta para melhor, à medida que nos formos espiritualizando e subindo em nossa trajetória evolutiva. Temos de nos esforçar sempre, a todo custo, para melhorar nossa conduta e nossa autoestima, em consequência da própria evolução, que segue as leis naturais, sem imposição, mas por aceitação moral espontânea.
Na nossa convivência diária temos muitas oportunidades de mostrar nossas habilidades aos nossos amigos e companheiros, que as percebem e as respeitam. Os estímulos, elogios e recomendações recebidas massageiam o nosso ego, mas devemos evitar, consciente ou inconscientemente, que a vaidade nos suba à cabeça e acabe por nos dominar. O que precisamos fazer é uma sintonia fina entre a autoavaliação de nossas qualidades e a avaliação que o nosso semelhante faz de nós. Nunca será demais nos impormos sentimentos de modéstia, mas não de timidez ou de acanhamento, já que estes últimos são negativos e tolhem as nossas iniciativas.
É sempre bom ter na lembrança que a imagem positiva que pretendamos construir de nós mesmos não pode provir do nada, não pode ser pura empáfia. Temos que acreditar em nós mesmos, mas não a ponto de nos enganarmos. Em outras palavras, precisamos primeiro construir nossas próprias convicções e acreditar nelas antes mesmo de podermos nos servir delas para influenciar pessoas e cativar amigos. E como saberemos que estamos agindo corretamente? Basta levarmos uma vida produtiva, relacionarmo-nos muito bem e recebermos de nossos amigos sinais positivos de que estamos agradando, que nossa presença e companhia são desejadas.
CHANCES. Aquele que permanece na indolência, esperando por ajuda, não tem chance de ter sua autoestima reconhecida, porque não irradiará valor algum e, portanto, não captará a simpatia e admiração de ninguém. Se nada é capaz de fazer por si mesmo, em seu proveito, menos ainda será capaz de fazer pelo seu semelhante.
Aqueles que sabem reger a sua autoestima a ponto de traçar limites e não se lançar além deles têm todas as condições de ser produtivos, respeitados por seus semelhantes e são capazes de cativar as pessoas e fazer amigos. Saber lidar com a sua autoestima permitirá a cada um ter melhor ou pior qualidade de vida. É este recurso que permite à pessoa absorver novas ideias, adaptar-se às mudanças necessárias em suas posturas, enfim, consolidar melhores posturas para enfrentar novos desafios e bem viver. Ou seja, a pessoa predispõe-se a fazer uma revisão crítica e profunda de sua vida, uma verdadeira avaliação objetiva, honesta e sincera dela, agradecendo as sugestões que recebe. Jamais deve melindrar-se por coisa alguma, a menos que receba crítica desairosa, já que esta nunca é sincera, não parte de quem quer ajudar, mas de quem deseja denegrir.
Para desenvolver a autoestima é preciso compreender a sua dinâmica mediante permanente exame e aceitação de novos conceitos capazes de influenciar e construir a vida que desejamos viver ao longo de nossa trajetória evolutiva. Uma vida equilibrada, moderada, ponderada e encarada com compreensão e justiça face aos nossos semelhantes é tudo de que precisamos. Nada de ostentação ou excessos, devendo a pessoa fugir do consumismo exagerado.
Nosso melhor indicador de que valorizamos a nossa autoestima é a nossa boa conduta no lar, no trabalho, enfim, por toda parte. É lógico que isso exige de nós muito jogo de cintura ou adaptação às circunstâncias de cada situação. Precisamos centrar a nossa atenção em tudo que nos envolve e sentir a sensação de que estamos sabendo inserir-nos no contexto em que vivemos.
Para terminar, porém sem esgotarmos o assunto, não será demais lembrar que nossa autoestima é mutável, desenvolve-se e evolui segundo o grau de espiritualidade de cada um, mas não devemos nos fechar às opiniões das pessoas que são importantes e amigas verdadeiras para nós, analisando-as e adaptando-as às circunstâncias de nosso cotidiano. Quando essas pessoas sentirem que respeitamos suas opiniões, ainda que venhamos adotar opiniões contrárias, ganhamos a sua confiança e os relacionamentos se farão mais a contento.
(O autor é militante da Filial Butantã, SP)