EMPATIA
A empatia é a capacidade, de natureza afetiva, que uma determinada criatura tem de sentir o que outra pessoa sente, admitindo-se que pudesse colocar-se na situação e nas circunstâncias experimentadas por essa outra. Assim, do ponto de vista da inteligência emocional, a capacidade de ter empatia nada mais é do que estabelecer-se uma sintonia emocional entre dois ou mais seres que se compreendem mutuamente, ou pelo menos, um compreende o outro em suas necessidades de afeição. A intuição parece exercer papel importante nesse processo. Trata-se aqui de sintonizar nossas emoções e vibrar com ela em sintonia fina com as emoções de outra pessoa. Isto transparece nas palavras e nas ações das pessoas, como se tratasse de um tom revelador ou de uma mudança de postura, ainda que subjacente a um silêncio eloqüente ou num gesto comprometedor, mesmo aos olhos de pessoas desatentas.
A empatia está positivamente presente em vários aspectos da vida, como na família, nas práticas comerciais, nas amizades, no namoro, na paternidade, na maternidade, na caridade, na fraternidade e até na ação política de certos líderes carismáticos. Mas também, a falta de empatia está presente nos criminosos, nos psicopatas, nos estupradores, enfim, em todos os atos considerados negativos, viciosos e imorais, principalmente quando se usa a sugestão para enganar ou a força para subjugar as pessoas.
O principal aspecto a considerar na empatia é que se trata de um sentimento ou emoção que não se expressa apenas pela palavra. Ela se faz através de formas não-verbais, como o tom da voz, gestos, expressões faciais e outros sinais reveladores, alguns até de natureza transcendental como a intuição e a transmissão de pensamentos afins. Isso é tanto verdade que muitos psicólogos utilizam testes para aferir o grau de empatia, abrangendo uma escala de sentimentos que se estende desde a antipatia até o amor materno, pontuando as diversas reações e respostas às perguntas do teste (Teste PONS –Profile of Non Verbal Sensibility ou Perfil de Sensibilidade Não-Verbal). O mais importante que complementa o teste é saber interpretar os sinais, gestos e expressões faciais. Talvez seja por isso que os programas de mímica atraem tanto os espectadores e, também, a razão porque muitos atores e artistas de teatro, cinema e televisão tornam-se ídolos de milhões de fãs.
O uso do referido teste juntamente com o teste de QI (Coeficiente de Inteligência) permite apurar e ajustar o desempenho de estudantes e adultos. Aqueles que têm alta avaliação no teste de empatia, independentemente do teste de QI, são os mais queridos nas escolas e, consequentemente são os mais emocionalmente estáveis. Estas características são inatas, mas podem ser desenvolvidas nas crianças, tanto no lar como nas escolas, através de uma educação salutar em que são ressaltados sentimentos como a auto-estima e o respeito ao próximo, enobrecendo essas aptidões, que, por sua vez, estão ligadas ao sentimento de solidariedade.
Nas crianças até os dois anos de idade a empatia já está bastante presente através do que os psicólogos chamam de mímica motora, para demonstrar a aflição ou a angústia de uma criança em relação à outra, tentando ajudá-la ao menor sinal de choro, chorando com ela ou tentando dissuadi-la com gestos de simpatia a se recomporem da aflição que sentiram, demonstrando com isso sinais evidentes de empatia e solidariedade. Comportamentos desse tipo são muito freqüentes entre as crianças ou entre a criança e sua mãe, que assume a função de protetora de sua angústia. Canalizar, positivamente, estes sentimentos é uma das mais nobres funções das mães como educadoras de almas em desenvolvimento e evolução. Nós espiritualistas sabemos muito bem que a essência da empatia encontra-se na lei da atração e repulsão, em que os pensamentos e sentimentos afins se atraem e os contrários se repelem. Assim, as afinidades entre dois seres se explicam espiritualmente, mesmo entre os membros de uma mesma família onde os seus componentes, em geral, possuem diferentes graus de espiritualidade, vale dizer, de grau de evolução. Com mais forte razão ainda, a empatia pode estar presente entre estranhos.
Uma das características das pessoas dotadas de forte empatia pode ser notada por simples observação: elas têm o hábito de olhar direto em nossos olhos, tentando, talvez, captar o que nós também sentimos por elas. Este simples gesto denota estarem procurando fazer uma sintonia com a pessoa com quem quer ou deseja relacionar-se. Se os sentimentos são aceitos e retribuídos, pode-se ter certeza de que há empatia entre ambas. Se houver um desnível cultural, social ou de idade entre ambas, a mais culta, a mais sociável ou a mais idosa deverá procurar igualar-se mais ou menos ao nível da outra, promovendo-se, dessa forma, uma sintonia fina. É o que uma mãe procura fazer em relação ao seu filho.
É preciso levar-se em conta que a sintonização é mais que uma simples imitação. Quando uma mãe apenas imita o seu bebê, isso mostra que ele sabe o que ela fez, mas não como ela se sentiu em relação a ele. Para que ele perceba que a mãe sente como ele se sente é preciso reproduzir os sentimentos íntimos com naturalidade para que ele saiba que foi bem entendido. Algo semelhante ocorre com o amor físico, que envolve a experiência de sentir o estado subjetivo, o desejo partilhado, as intenções e os estados de mútuas emoções e excitações do outro, mutáveis simultaneamente numa sincronia perfeita que exprima o significado profundo da relação que estão tendo ou experimentando. Só assim o amor físico pode tornar-se um estado de mútua empatia benfazeja.
A empatia tem muito a ver com o estado de espírito positivo, isto é, com um certo grau de espiritualidade voltada para o bem geral das criaturas, confirmando a lei da atração dos pensamentos e dos sentimentos entre os afins. Assinala-se que, já com três meses, os bebês captam o estado de espírito de suas mães e se estas estão deprimidas, refletem este mesmo estado de espírito quando a mãe brinca com eles, que passam a exibir mais sentimentos de ira e tristeza do que de curiosidade e interesse espontâneos de brincar e aprender. Isso poderá torná-los passivos e apáticos com o tempo, se esses exemplos preponderarem sobre outros sentimentos mais afáveis da mãe, como os de alegria.
É óbvio que tudo pode ser corrigido na criança, mas quanto mais cedo mais fácil se torna o processo de remodelação e formação de seu caráter, aproveitando-se todos os momentos íntimos para transmitir-lhes tranqüilidade e confiança. Já vimos que os psicólogos introduziram técnicas de observação desses estados emocionais entre mães e filhos, permitindo a leitura das emoções através de observações das suas reações faciais, e disso tiraram lições importantes que vêm sendo repassadas às mães para a educação adequada de seus filhos.
De outro lado, a falta de empatia explica as atitudes de muitos molestadores de menores, estupradores e psicopatas ou sociopatas perversos, destituídos de remorso e medo, incapazes que são de compreender a dor e o sofrimento de suas vítimas. Essa capacidade perversa explica a onda de crimes hediondos cada vez mais expostos pela mídia televisiva, em que se sobressaem os exemplos negativos e nefastos a que nossa sociedade está sendo submetida, deixando-nos todos indefesos.
A conclusão de tais estudos, também aplicados em adultos, é que a empatia exige bastante calma e receptividade para que os sutis sinais de emoção de uma pessoa sejam recebidos e correspondidos pelo cérebro emocional de outra pessoa, na área direita dos lobos frontais e principalmente no sistema límbico. Só assim, poderemos sentir como se fosse nosso o sentimento do outro, o que nos levará a entrar em ressonância um com o outro de forma maravilhosa e quase perfeita.