Causas e males do estresse
Causas e males do estresse
Por Caruso Samel – Militante da Filial Butantã
O estresse é uma forma de desgaste causado por fatores físicos e psicológicos. Ele resulta de um conjunto de reações do organismo às agressões de ordem física, às tensões psíquicas e outras capazes de perturbar o equilíbrio mental das pessoas. Neste tema as palavras estresse e estafa serão usadas com o mesmo sentido e significado.
Quando a pessoa começa a passar noites em claro, a sentir palpitações do coração, faltas de ar e apetite, acompanhadas de terrível sensação de insatisfação, angústia e cansaço profundo, pode estar certa de que já está estressada. Estes são os primeiros sintomas.
As pessoas reagem de forma diferente a um mesmo estímulo. Por exemplo, durante uma longa e lenta fila de trânsito, algumas pessoas conseguem ler jornais e revistas, outras ouvem e acompanham com interesse as notícias veiculadas via rádio, outras se irritam e xingam e outras, ainda, ficam furiosas. Isso vem comprovar que cada pessoa tem condições de defesa diferente de outras. Para que o corpo não venha ser usado como veículo de expressão das emoções e das ansiedades, torna-se necessário equacionar e solucionar mentalmente os conflitos à medida que vão surgindo. O estresse não escolhe profissão, raça, cor ou status social, atingindo homens e mulheres. Os seus efeitos são somatizados na forma de úlceras, gastrites, hipertensão e infarto do miocárdio, além da irritabilidade geral e da intolerância. É bom ter em mente que há coisas que podemos mudar e outras não.
As pessoas que assumem maiores responsabilidades do que normalmente sua capacidade poderia suportar e têm o seu dia a dia muito agitado são mais propensas a uma crise de estafa. Elas precisam, portanto, tomar maiores cuidados com a vida que levam, independentemente se trabalham fora ou se cuidam do lar ou, ainda, se são aposentadas. Não fazer nada, também, pode estressar a pessoa, porque a ociosidade é a mãe de todos os males. Outra causa é o perfeccionismo, que torna muitas pessoas intolerantes, implacáveis e implicantes. A rotina, também, cansa porque causa o tédio nas pessoas. Essas, usando cada vez menos o raciocínio, são presas fáceis de pessoas espertas, nas mãos das quais sofrem grandes enganos, desilusões e injustiças. Esses estímulos negativos vão se acumulando e se manifestam, em seu conjunto, na forma de estresse, quando menos se espera.
O estresse se manifesta lenta e sorrateiramente, podendo-se admitir que o estresse se instala, se caracteriza e se manifesta em três fases ou etapas. A primeira fase é o alarme: o corpo reconhece o agente causador e tenta enfrentá-lo; é o que chamamos de encarar a situação, o que é positivo. Na segunda fase ou etapa de resistência, os desafios são muitos e freqüentes, a capacidade de voltar ao normal é gradativamente destruída, gerando uma sensação de fadiga ou de extrema irritabilidade. Na terceira etapa, que podemos chamar de exaustão, o corpo não consegue mais se adaptar nem adquirir a sua harmonia normal, passando a responder com um estado de excitação nervosa e. Neste estado final, a pessoa exibe tiques, perdas de apetite, roer de unhas e outras tensões.
A postura para enfrentar o estresse é ter jogo de cintura, usar uma grande flexibilidade de atuação para poder canalizar suas energias positivas em reforço de sua vontade. É preciso rever seus hábitos de trabalho, o tumulto de suas atividades, a falta de planejamento e a indisciplina que caracterizam o viver das pessoas estressadas. É preciso saber programar-se, administrar seu tempo e, sobretudo, aprender a ser disciplinado, exigindo mais de si mesmo do que dos outros.
As novas situações são sempre estressantes. É preciso saber encará-las fazendo um bom projeto de vida, procurando verificar qual é o sentido dessas situações. Enfim, o ser precisa avaliar tudo, criar e recriar situações, para não se ver surpreendido pelas forças negativas estressantes. Para não cair na fase de exaustão, a primeira providência é sempre procurar reavaliar as suas atitudes, observando e enfrentando os problemas com uma visão mais otimista dos fatos, com mais calma e ponderação, sendo mais tolerante e não exagerando nas suas expectativas em relação a si mesmo e aos outros. Procure, sobretudo, não deixar a afobação e a irritabilidade se instalar em seu espírito, pois essas sensações consomem muita energia, desgastando o ânimo da pessoa.
Para enfrentar com sucesso o estresse, procure aprender técnicas de relaxamento, entregue-se à prática da boa leitura, faça trabalhos manuais e jardinagem, pratique a pesca, quando possível. Procure, ainda, modificar a sua alimentação, usando alimentos mais naturais, com dieta balanceada por um bom nutricionista. Aprenda, também, a identificar os sintomas do estresse. Eis alguns deles: memória fraca; suores e tremores excessivos; palpitações e boca seca; dores de estômago; azias e gastrites; dores musculares generalizadas; nuca e ombros tensos e doloridos; fome compulsiva ou falta dela; apatia ou depressão; desgaste físico e mental; apatia sexual; insônia ou sono exagerado; problemas dermatológicos; tiques nervosos e ranger de dentes; pesadelos; problemas de digestão e intestinais; aumento da pressão sanguínea e batimentos cardíacos acelerados; e, tantos outros..
Para vencer o estresse inter relacional, é preciso não haver imposição, conversar sobre todas as coisas, ser sincero, equilibrado, compreensivo e solidário.
As mulheres que trabalham fora de casa pagam por isso um preço bastante alto. Pretendem buscar sobrevivência, autoafirmação, individualidade e liberdade, mas acabam tendo que fazer uma dupla jornada: uma fora e outra com os afazeres do lar, principalmente se forem casadas e tiverem filhos pequenos para cuidar. Para conciliar este conflito, passam por grandes tensões que acabam conduzindo-as mais facilmente, mais depressa ao estresse. Mesmo porque, no trabalho fora do lar, têm que mostrar que são tão boas ou melhores que os homens que ocupam a mesma posição ou posições equivalentes, quando a competição acaba sendo um jogo de superioridade danoso. Por isso, é freqüente ver mulheres masculinizadas, atoladas no vício de fumar e beber, quando não de outros mais graves, tornando-se, então, responsáveis pela desagregação de muitas famílias e lares. Carregando esse pesado fardo, pouco sobra para conduzir o seu real progresso e evolução espiritual. De que vale, então, sentir-se valorizada no trabalho? Será que para cumprir uma função social, segundo alegam muitas, têm que virar as costas para o lar e porem tudo a perder? Como ficam as crianças, espíritos que confiaram nelas ao encarnarem?
De qualquer forma, quando marido e mulher trabalham fora, torna-se mais difícil ajustar os interesses comuns, sendo quase impossível administrar os conflitos de cada um e de ambos. Os desentendimentos e as brigas, a desconfiança e o ciúme que inevitavelmente surgem, poder levar o casal ao caos, ao desastre, soçobrando o casamento. O esforço terá que ser grande para salvá-lo e voltarem a entrarem novamente no ritmo de confiança. A solução atenuadora é repartir as tarefas de casa entre ambos.
Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal A Razão de Outubro/2011