A AUTO-ESTIMA

01-12-2010 00:44


A auto-estima está diretamente relacionada com o respeito que cada criatura tem por si mesma e, na medida em que nela não interfiram sentimentos egoísticos e vaidosos, pode ser considerada como um sentimento positivo. Por isso mesmo, este sentimento é também conhecido como amor-próprio. A auto-estima deve ser usada pela criatura para melhor conhecer-se a si mesma e não para sobrepujar as qualidades de seus semelhantes. Neste sentido, ela representa a dignidade que todos devemos procurar ter, primeiro para conosco mesmo e, também, para com o nosso semelhante.

Possuir auto-estima é procurar viver de acordo com suas idéias, desde que nobres e fundamentadas na experiência moral adquirida ao longo de sua vivência, sem se contrapor ou ofender as regras da boa convivência, dentro do maior respeito às leis, ao direito e à moral vigente. Ter auto-estima é, antes de tudo, ser verdadeiro consigo mesmo. O fundamental para adquirir auto-estima é sempre buscar incorporar no seu viver, cada vez mais, valores nobres, tais como honestidade, dignidade e integridade moral para todos os atos de sua vida.

Cada sociedade tem o seu código de valores e nela e à sombra dele a criatura humana se insere. Essas normas são incorporadas, pouco a pouco, através de nossa educação no lar e nas escolas por onde passamos. Com o tempo, a criatura vai construindo e consolidando o seu caráter, a marca registrada de seu “eu”.

É óbvio que este processo não é tão simples assim. Aprendemos esses valores e até os adotamos como se fossem nossos, mas às custas de muitos conflitos e até mesmo de contestação aos nossos preceptores, reação natural a tudo que nos é imposto. Por isso, os exemplos falam mais alto e através deles tudo fica sempre mais fácil de ser aceito. O importante é deixar sempre um estímulo para que os pontos de vista sejam examinados à luz da razão, permitindo a cada criatura uma boa avaliação dos seus valores próprios.

A nossa atitude frente aos valores que nos são transmitidos pode ser de maior ou menor abertura, de transigir ou não transigir velada ou abertamente. Nesse último caso, podemos nos tornar criaturas rígidas e prepotentes, difíceis e amargas, trazendo-nos isolamento, aflição e até muitos inimigos. Daí, a necessidade de tomarmos sempre bastante cuidado com os critérios rígidos ou frouxos que viermos adotar com relação à nossa liberdade e aos nossos direitos.

Outro aspecto que devemos encarar com freqüência é a reavaliação constante e permanente de nossos valores, exercendo com sabedoria o nosso próprio poder de autocrítica. Dessa forma, podemos mudar a nossa conduta para melhor, na medida em que formos espiritualizando e subindo em nossa trajetória evolutiva. Temos, a todo custo, de nos esforçar sempre para melhorar nossa conduta e também, nossa auto-estima, em conseqüência da própria evolução que segue as leis naturais, sem imposição, mas por aceitação moral espontânea.

Na nossa convivência diária temos muitas oportunidades de mostrar nossas habilidades aos nossos amigos e companheiros que as percebem e respeitam-nas. Os estímulos, elogios e recomendações recebidas massageiam o nosso “ego”, mas devemos evitar consciente ou, até mesmo, inconscientemente que a vaidade nos suba à cabeça e acabe por nos dominar. O que precisamos é fazer uma sintonia fina entre a auto-avaliação de nossas qualidades e a avaliação que o nosso semelhante nos faz. Nunca será demais nos impormos sentimentos de modéstia, mas não de timidez ou de acanhamento, já que estes últimos são negativos e tolhem as nossas iniciativas.

Contudo, é sempre bom ter na lembrança que a imagem positiva que pretendamos construir de nós mesmos não pode provir do nada, não pode ser pura empáfia. Temos que acreditar em nós mesmos, mas não a ponto de nos enganarmos. Em outras palavras, precisamos primeiro construir nossas próprias convicções e acreditar nelas antes mesmo de podermos nos servir delas para influenciar pessoas e cativar amigos. E como saberemos que estamos agindo corretamente? Basta levarmos uma vida produtiva, relacionarmo-nos muito bem e recebermos de nossos amigos sinais positivos de que estamos agradando, que nossa presença e companhia são desejadas. Aqueles que permanecem na indolência esperando por ajuda, não têm nenhuma chance de ter uma auto-estima reconhecida, porque não irradiará valor algum e, portanto, não captará a simpatia e admiração de ninguém. Se nada é capaz de fazer por si mesmo, em seu proveito, menos ainda será capaz de fazer pelo seu semelhante.

Aqueles que sabem reger a sua auto-estima a ponto de traçar limites e não se lançar além deles têm todas as condições de serem produtivos, respeitados por seus semelhantes e são capazes de cativar as pessoas e fazer amigos. Saber lidar com a sua auto-estima permitirá a cada pessoa ter melhor ou pior qualidade de vida. É este recurso que permite à pessoa absorver novas idéias, adaptar-se às mudanças necessárias em suas posturas, enfim consolidar melhores posturas para enfrentar novos desafios e bem viver. Ou seja, a criatura predispõe-se a fazer uma revisão crítica e profunda de sua vida, uma verdadeira avaliação objetiva, honesta e sincera dela, agradecendo às sugestões que recebe e não se melindrando.

Para desenvolver a auto-estima é preciso compreender a sua dinâmica mediante permanente exame e aceitação de novos conceitos capazes de influenciar e construir a vida que desejamos viver ao longo de nossa trajetória evolutiva. Uma vida equilibrada, moderada, ponderada e encarada com compreensão e justiça face aos nossos semelhantes é tudo que precisamos. Nada de ostentação ou excessos, fugir do consumismo exagerado. Nosso melhor indicador de que valorizamos a nossa auto-estima é a nossa boa conduta no lar, no trabalho, enfim, por toda parte. É lógico que isso exige de nós muita adaptação ou jogo de cintura às circunstâncias de cada situação. Precisamos centrar a nossa atenção a tudo que nos envolve e sentirmos a sensação de que estamos sabendo nos inserir no contexto em que vivemos.

Para terminar, porém sem esgotarmos o assunto, não será demais lembrar que nossa auto-estima é mutável, desenvolve-se e evolui segundo o grau de espiritualidade de cada um, mas não devemos nos fechar às opiniões das pessoas que são importantes e amigas verdadeiras para nós, analisando-as e adaptando-as às circunstâncias de nosso cotidiano. Quando essas pessoas sentirem que respeitamos suas opiniões, ainda que venhamos adotar opiniões contrárias, ganhamos a sua confiança e os relacionamentos far-se-ão mais a contento.